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terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Ana, a bailarina, e o sonho de ser DIVA!

Ana conhecera a bailarina a pouco tempo, mas logo percebeu a tristeza por detrás daquele sorriso que dá quando se sabe que o show deve continuar, apesar de só se desejar realmente abaixar as cortinas e despedir-se do público. Toda menina sonha em ser bailarina com a esperança de ser diva um dia.

“Deve ser daí que surge toda sorte de maus entendidos femininos… todos modelos asfixiantes que nós mulheres temos desde de cedo…” pensava Ana no dia que encontrou com a bailarina. “Mulheres belas existem e não são poucas, mas a maioria se sente feita. Ainda mais em épocas de beleza de photoshop…” pensava Ana ao escutar a Bailarina.

Todas nós mulheres somos Bailarinas equilibradas em nossa ponta de salto, sonhando com um modelo de beleza que só existe nas revistas, nem mesmo no imaginário masculino eles existem e assim totalmente beligerantes sem razão conosco e com as outras. Pois todas são bailarinas que sonham em ser divas… mas se esquecem do preço que paga para ser diva, ou mesmo negligenciando ele, seguem a busca de algo que não existe, correndo feito crianças atrás de nuvens… mas pelo menos crianças gostam das nuvens brancas, mulheres não. Quanto mais escura e carregada a nuvem mais vamos atrás e assim vamos a caça do sonho de ser diva, ainda que seja por uns miseros segundos, migalhas de uma vida. Assim vamos atrás de migalhas de amor e de migalha em migalhas seguimos… é tão difícil romper com o estigma de diva, ainda que não sejamos uma…

Com isso gastamos nossas vidas, desperdiçamos nossos melhores amores a um publico que independente de quanto nos doa dançar com aquela sapatilha, que não se importa com a quota de sacrifícios que fazemos para poder bailar, nos atiram as feras por dentro da platéia. E assim de divas passamos a troféu de caça, belo por fora, mas sem nenhum conteúdo e se o tem está mui bem guardado… pois troféu só serve mesmo para enfeitar e nada mais. Assim agimos e assim somos tratadas.

As mais fúteis e tão detentoras de conteúdo quanto um troféu de caça se dão por mui satisfeitas com esse tratamento… mas uma parcela das belas bailarinas não, porque somos mais do que casca, transcendemos um simples e belo receptáculo, temos um conteúdo próprio, único, que queremos mostrar ao mundo… mas de tão adestradas pelas aulas intermináveis de Ballet acabamos por ficar engessadas e tristes dentro daquela caixinha de música a dançar sempre a mesma música e guardadas em estantes assim ficamos de vários coleccionadores de troféus de caça.

Algumas pessoas pensam que beleza não combina com inteligência, ainda mais quando o belo em questão é um ser feminino… Assim Ana que também já foi uma Bailarina que sonhou em ser diva e sabe bem o inferno que isso é e o todo tormento e solidão que trás ouvia a Bailarina atentamente sem julgar ou mesmo falar nada… pois ela sabia bem e de cadeira o que se passava naquela alma. Já experimentara aquela dor, aquela música, aquela plateia, o mesmo tipo de fera e os mesmos tipos de caçadores. Ana sabia o que era estar com alguém como um troféu, e sabia também que a cada nova competição o troféu velho dava lugar ao novo…

Ana conhecia bem aquele Ballet, então Ana não teve pena da Bailarina e sim compaixão e assim partilhara com ela de forma atenta os seus medos, os seus sonhos, as suas dores… até porque Ana conhecia cada palmo daquela trilha, sabia de cor e salteado cada ato daquele Ballet… Assim Ana sem ser vidente previa o desenrolar do espetáculo antes mesmo do meio e em vão tentou alertar da dura vida de diva bailarina… e pelo desespero que todas as divas passam quando acaba o ultimo ato… Por isso Ana hoje não aceita mais ser bailarina diva, só bailarina e tem como parceiro a vida e como música seus sonhos…

Algo que a nova Bailarina terá que aprender um dia, como Ana e outras amigas aprenderam com o passar dos atos. A Bailarina aprendiz terá que aprender a sobreviver ao fogo existencial do ultimo ato e de bailarina passar a cinzas ou a Fenix.


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